Eles
eram quatro homens de humor irreverente. Ganhavam asas os grafites em suas mãos
e voavam em traços, cores, letras, desenhos, um sem número de linhas formando
retratos debochados da vida real - rudes, alegres, contraditórias, universais, infinitas
em nuances que riam de si mesmas, destemidas. Naquela manhã aterradora, a tinta
que escorreu pelos vãos da criativa imaginação vinha de um buraco no peito, de
um riscado rubro na pele, do silêncio da voz. O papel ficava em branco. Eles
eram doze vidas - mais doze vidas na conta da intolerância em que dezenas de
vidas tombam todos os dias, vítimas de extremismos e violências desmedidas (em
nome do que mesmo?). Quando anoiteceu na cidade luz, milhares de lápis
iluminaram a praça. Estarrecido, o mundo jamais adivinharia que ilustrações,
ainda que reacionárias, pudessem servir a tamanho desolamento. O coração de
Paris sangrava. Algumas coisas não tem nome.
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