ATENTADO

Hiperbreves
Eles eram quatro homens de humor irreverente. Ganhavam asas os grafites em suas mãos e voavam em traços, cores, letras, desenhos, um sem número de linhas formando retratos debochados da vida real - rudes, alegres, contraditórias, universais, infinitas em nuances que riam de si mesmas, destemidas. Naquela manhã aterradora, a tinta que escorreu pelos vãos da criativa imaginação vinha de um buraco no peito, de um riscado rubro na pele, do silêncio da voz. O papel ficava em branco. Eles eram doze vidas - mais doze vidas na conta da intolerância em que dezenas de vidas tombam todos os dias, vítimas de extremismos e violências desmedidas (em nome do que mesmo?). Quando anoiteceu na cidade luz, milhares de lápis iluminaram a praça. Estarrecido, o mundo jamais adivinharia que ilustrações, ainda que reacionárias, pudessem servir a tamanho desolamento. O coração de Paris sangrava. Algumas coisas não tem nome.

| Débora Böttcher | 

Charlie Brown, criado por Charles M. Schulz

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